quarta-feira, 15 de julho de 2009

A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

Tt 2.11

Uma das mais gloriosas doutrinas da Bíblia Sagrada é a doutrina da Salvação, pois esta é um plano divino para salvar a humanidade caída no pecado. O plano salvífico tem sua origem na eternidade. Este tema é abordado desde Gêneses ao Apocalipse.

1 - O QUE É A SALVAÇÃO

É uma obra divina de amplo sentido, que abrange todos os atos e processos redentores em Cristo, a saber: graça, eleição, predestinação, chamamento, adoção, reconciliação, redenção, propiciação, imputação, perdão, justificação, regeneração, santificação e glorificação. A salvação é o resultado da redenção efetuada por Cristo, e meio que Deus proveu para livrar o homem de seus pecados. Portanto, a salvação é o livramento do Diabo, da morte, da condenação eterna, do pecado e do inferno.

2 - A TRINDADE E A OBRA DA SALVAÇÃO NO HOMEM

A Bíblia atribui a salvação a uma ação e iniciativa completamente divina: Deus elege, predestina e chama (Ef 1.4,5,18; 2.8-10; Rm 8.28-30; Fp 2.15,16; 2 Ts 1.11; Hb 3.1; 2 Pe 1.10). No entanto, é necessário que o homem responda positivamente a vocação celeste: recebendo-o (Jo 1.12), crendo (Jo 3.16), indo ao encontro dEle (Jo 6.37), invocando-o (Rm 10.13). A obra inicial do Espírito Santo, a fim de que o pecador seja salvo, é convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16. 8-11). Portanto, há um completo envolvimento da Trindade e do homem na salvação, o Deus Filho executou a salvação no Calvário e o Deus Espírito Santo opera a obra da salvação no homem.
A salvação procede de Deus e não do homem. Foi concebido por Deus Pai, consumada por Jesus Cristo o Filho de Deus, e oferecida ao crente por intermédio do Espírito Santo. O homem não teve participação alguma no plano de salvação. Resta-lhe apenas aceitar o Dom de Deus – a Salvação.
Portanto, a Trindade na obra da salvação do homem, é que o Pai e o Filho elege, predestina e chama, por sua vez cabe o homem converter e arrepender de seus pecados e crer em Cristo. O Espírito Santo convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo.

3 - A CHAMADA DIVINA PARA A SALVAÇÃO, O LIVRE-ARBÍTRIO DO HOMEM E A SOBERANIA DE DEUS

Deus, em sua soberania, oferece graciosamente a salvação para todos os homens que, de acordo com o seu livre-arbítrio, podem aceitar ou recusar este convite.
No AT, Deus chama os homens para a salvação (Ez 18.30-32). Atualmente, o chamamento de Deus é a razão pela qual a nossa vida cristã tem início (Rm 8.30; 9.24; 2Tm 1.9). É verdade que invocamos a Deus para nos salvar (Rm 10.10-13), mas a nossa aceitação é uma resposta ao seu chamado (2 Ts 2.14; 1 Pe 5.10; 2 Pe 1.3).
A chamada divina é universal, ou seja, é para todos. O termo “chamada” em Efésios 1.18 é traduzido por vocação ou chamamento. Quando aplicado à provisão da salvação por Deus, diz respeito ao gracioso ato divino pelo qual Ele chama os pecadores para a salvação em Cristo, a fim de que sejam santos (Rm 8.29,30; 11.5.; Gl 1.6,15).
A chamada divina ocorre através da proclamação do Evangelho (Jo 1.10,11; At 13.46; 17.30; 1Co 1.9,18,24; 2Ts 1.8-10; 2.14). Segundo a Bíblia, é da vontade de Deus que todos os homens sejam salvos, ou seja, que todos atendam ao chamado de Deus para a salvação (At 17.30; 1 Tm 2.3,4; 2 Pe 3.9 cf. Mt 9.13). É uma vocação que opera para a salvação, fundamentada na escolha do homem (At 13.46-48).
A vocação divina para a salvação do homem é uma obra da qual a Trindade participa: é atribuída ao Pai (1Co 1.9; 1Ts 2-12; 1Pe 5.10) ao Filho (Mt 11.28; Lc 5.32; Jo 7.37) e ao Espírito Santo (Jo 14.16,17,26; 16.8-11; Jo 15.26; At 5.31,32).
Fomos chamados por Deus para a salvação para sermos de Cristo (Rm 1.6; 1Co 1.9); para a santificação (Rm 1.7; 1Pe 1.15; 1Ts 4.7; Hb 12.14b; Ef 1.4); para a liberdade (Gl 5.1,13); para a paz (1Co 7.15; Lc 7.50; 8.48; Rm 5.1); para o sofrimento (Rm 8.17,18) e para a glória (Rm 8.30).
O papel do Espírito Santo é convencer o mundo do pecado (Jo 16.8-10). Embora a oportunidade de salvação seja para todos, uns se arrependem de seus pecados e aceitam a misericórdia de Deus em Cristo (At 2.37). Outros, no entanto, admitem a culpa, mas não estão dispostos a confessá-la tornando-se mais resistentes (Jo 1.10,11; At 13.46; 17.32; 2 Ts 1.8-10; Hb 3.7,8).
O Espírito Santo também convence o mundo da justiça, mostrando que a cruz não representou o fim da trajetória de Cristo que, ressurecto, acha-se, agora, à direita de Deus, por Ele, todo homem pode viver como justo neste mundo (Fp 1.10,11;2.15; Tt 1.8). O mesmo Espírito também convence o mundo do juízo vindouro, pois os que rejeitam a Cristo serão condenados, assim como o Diabo que já se encontra julgado (Mt 25.41; Jo 16.11).
A Bíblia nos apresenta a soberania de Deus em Jó 42. Aqui a soberania de Deus excede qualquer vontade humana; mediante esta soberania, Ele nos concede o livre-arbítrio. O Deus soberano, criador de todas as coisas e regente supremo de todo o universo, decidiu dar-nos a capacidade de escolher entre a natureza santa e a pecaminosa.
No próprio Éden, Deus concede a liberdade para o homem escolher entre o certo e o errado, entre a vida e a morte, entre a natureza divina e a natureza carnal (Gn 3.1-13; Dt 30.19).
O livre-arbítrio concedido por Deus não foi anulado pelos efeitos do pecado. Nós, os que decidimos por uma vida santa, estamos tanto sob a soberana de Deus quanto debaixo do livre-arbítrio concedido por Ele (Ap 3.20).

4 - A SALVAÇÃO É UNIVERSAL E INDIVIDUAL

A salvação é para todos, individualmente. O NT apresenta a realização da nossa salvação como algo efetuado por Deus de forma pessoal e singular (Ler Jo 3.16; 6-37; Rm 10.13; Jo 15.5).
Pedro afirma que Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34). Isto afasta toda e qualquer possibilidade de a eleição ser fatalista, segundo a qual seria inútil tentar mudar o quadro da nossa vida futura.
Nossa decisão pessoal de crer, ou não crer em Cristo, tem conseqüências eternas em nossa vida (Mc 16.16). Os que não aceitam a Jesus como seu Salvador são os únicos responsáveis pelos seus atos, visto ser a vontade de Deus que todos os homens se salvem (2Tm 2.3,4). O evangelho é um presente de Deus para todas as pessoas, cabe a cada uma delas aceitá-lo ou não.

5 - O LADO DIVINO E HUMANO DA SALVAÇÃO

A salvação do lado divino, Deus revela esse glorioso plano mediante a sua graça o favor imerecido que Ele oferece gratuitamente ao homem para que este conheça, aceite e usufrua de imediato das benções da salvação em Cristo (Ef 2.8,9). A graça de Deus tem por objetivo salvar o homem da condenação do pecado, restringir a ação deste, levando o ser humano a viver nas regiões celestiais em Cristo Jesus (Rm 5.2; Ef 2.8). A graça é operada através da fé (Ef 2.8).
Eleição, predestinação e vocação, sendo que eleição e predestinação parte da ação divina, enquanto a vocação em conjunto parte de Deus e do homem. Eleição significa selecionar para si, escolher (Ef 1.4; Tg 2.5; 1 Pe 1.2; 2.9). Eleição não quer dizer que Deus escolheu uns para a salvação e outros para a perdição. Mas que a salvação do homem não depende do que este é ou faz, porém da vontade e misericórdia de Deus (Ef 1.4,5; Cl 2.12; 1 Ts 1.4; 2 Ts 2.13). O Pai ama e convida todos à salvação. Ele não elege uns para a salvação e outros para a perdição (2 Pe 3.9 cf. Jo 3.16; Rm 11.32; 1 Tm 2.3,4). Portanto, a eleição, entendida em conjunto com a vocação e a predestinação, é a ação divina, através do qual, mediante Jesus Cristo, o homem é eleito à salvação. Em razão de sua aceitação a Cristo, ele passa a usufruir das bênçãos decorrentes da salvação. Textos como: Fp 2.15,16; 3.12-16; Cl 1.22,23; 1 Tm 1.18,19; 4.9,10,16; 2 Tm 2.10-13; demonstram que a eleição é uma ação divina, na qual o homem é convocado a obedecer, aceitando a Cristo como seu Salvador e Senhor de sua vida (1 Pe 1.2).
O lado divino da salvação ainda nos apresenta os três aspectos da salvação: justificação, regeneração e santificação. A justificação é o ato divino declarar justo o pecador que pela fé aceita Cristo por seu Salvador (Rm 5.1,13). É Deus declarar o pecador livre de toda a culpa do pecado e de suas conseqüências eternas. As bênçãos da justificação são: remissão dos pecados (At 13.38,39), restauração da graça de Deus (Rm 3.24), imputação da justiça de Cristo (Rm 3.24-28; 1 Co 1.30), um novo relacionamento com a Lei (At 13.39), um novo relacionamento com Deus (Rm 5.1,9), uma nova concepção sobre a própria culpa (Rm 8.33) e uma nova perspectiva quanto ao futuro (Tt 3.7).
A regeneração em Tito 3.5 refere-se à renovação espiritual do indivíduo. Significa ser gerado novamente, receber nova vida, reconstruir, restaurar, reviver. É a obra fundamental e instantânea de Deus que concede gratuitamente ao pecador uma nova vida espiritual mediante os méritos de Cristo. É a natureza divina operando no crente por intermédio da ação do Espírito Santo (2 Pe 1.1-5). Por que a necessidade da regeneração? Porque é necessário para se entrar no céu (Jo 3.3), para se resistir ao pecado (1 Jo 3.9) e para se ter uma vida de retidão ( 1 Jo 2.29). A regeneração é novo nascimento (Jo 3.3), nova criação (2 Co 5.17; Gl 6.15; Ef 2.10), renovação (Tt 3.5; Cl 3.10) e ressurreição espiritual (Ef 2.5,6).
A santificação significa tornar-se santo, consagrar-se, renovar-se, separar-se do mundo para pertencer a Deus, ter comunhão com Ele e servi-Lo com alegria. A regeneração é um ato instantâneo, enquanto a santificação é um processo, mediante o qual o homem, continuamente, torna-se, pela ação do Espírito Santo, mais parecido com Deus (Pv 4.18; Fp 3.12-14; 2 Co 3.18). O propósito da santificação é levar o homem a identificar-se com o seu Criador (Lv 19.2; Gl 2.19) e constranger o homem a dedicar-se ao serviço de Deus (Êx 19.6). Os meios da santificação do qual Deus opera é mediante a Palavra de Deus (Jo 17.17), o sangue de Cristo (Hb 13.12), o Espírito Santo (2 Ts 2.13) e a fé em Deus (At 26.18).
A adoção (Rm 8.15,23; 9.4; Gl 4.5; Ef 1.5) é o ato pelo qual Deus recebe, como filho, alguém que, legal e espiritualmente, não desfruta do direito de tê-lo como Pai. A partir desse momento, passa esse alguém, mediante o sacrifício de Cristo no Calvário, a desfrutar de todos os privilégios que Deus preparou àqueles que aceitam a Cristo como único e suficiente Salvador.
Somos adotados por Deus e os privilégios da adoção é que o cristão é considerado como filho do Pai Celeste (1 Jo 3.2), como irmão de Cristo (Hb 2.11), como herdeiro dos céus (Rm 8.17). De igual modo, é libertado do medo (Rm 8.15) e desfruta da segurança e certeza de vida eterna (Gl 4.5,6).
O lado humano da salvação são a convenção, arrependimento e fé. Cabe ao homem converter e arrepender-se de seus pecados (Lc 15.18; At 2.38; 3.19) e crê em Cristo (At 16.31; Jo 1.12; 3.16; 5.24).
O convite gracioso de Deus para a salvação é independente dos méritos pessoais do homem. É da vontade de Deus que, sem exceção todos os homens se salvem.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Lições Bíblicas – As Verdades Centrais da Fé Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 4º Trimestre de 2006.
CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas – Doutrinas Bíblicas: edificando sobre o fundamento de Cristo e dos Apóstolos. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre de 2001.
LIRA, Eliezer de. Lições Bíblicas – Salvação e Justificação: os pilares da vida cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre de 2006.

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